quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Dieta X Inteligência

Fonte: http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/bem-estar/19,0,3203174,Dieta-rica-em-fast-foods-e-alimentos-processados-pode-reduzir-seu-Q-I.html

Dieta rica em fast foods e alimentos processados pode reduzir seu Q.I.

Afirmação é de uma pesquisa britânica que avaliou crianças de três a oito anos


Pessoas com dieta rica em comida processada podem apresentar Q.I. ligeiramente mais baixo, de acordo com um amplo estudo divulgado no Journal of Epidemiology and Community Health da British Medical Association (BMA) e que já está sendo aclamado como o mais abrangente do tipo. A conclusão da pesquisa é o resultado do acompanhamento de 14.000 crianças nascidas na Inglaterra entre 1991 e 1992, que tiveram a saúde e o bem-estar monitorados aos três, quatro, sete e oito anos e meio.
Os pais das crianças foram orientados a preencher questionários que perguntavam, entre outras coisas, o que seus filhos comiam e bebiam. Três padrões de dieta foram então identificados: o primeiro, rico em gorduras processadas e açúcar; o segundo, uma dieta "tradicional" com base em carne e vegetais; e o terceiro, considerado "saudável", com muita salada, frutas e vegetais, além de macarrão e arroz.
Quando as crianças chegaram aos oito anos e meio, seu Q.I. (sigla para quociente de inteligência) foi medido através de uma ferramenta padrão conhecida como Escala de Inteligência de Wechsler. Entre as 4 mil crianças cujos dados estão completos, é possível perceber uma diferença significativa de Q.I. daquelas que consumiam comida processada em relação às submetidas a uma dieta saudável nos primeiros anos da infância.
Ao todo, 20% das crianças participantes consumiam grande quantidade de comida processada, e o Q.I. médio aferido entre elas é 101. Já entre os 20% alimentados de maneira saudável, o Q.I. médio é 106.
— É uma diferença muito pequena, não é uma diferença vasta — admite Pauline Emmett, uma das autoras do estudo, que pertence à Escola de Medicina Social e Comunitária da Universidade de Bristol.
— No entanto, ela as torna menos capazes de lidar com a educação, menos capazes de lidar com algumas coisas na vida — acrescenta.
A associação entre nível de Q.I. e nutrição é um ponto polêmico e exaustivamente debatido, uma vez que pode ser influenciada por inúmeros fatores como o contexto social e econômico de cada indivíduo. É possível argumentar, por exemplo, que uma família de classe média tem mais interesse (ou mais condições) de servir uma refeição saudável aos filhos, além de dar mais estímulo à criança para que consuma alimentos saudáveis, em comparação com famílias mais pobres.
Emmett explica que sua equipe dedicou especial cuidado para neutralizar este tipo de fator na aferição dos dados.
— Temos todo o controle do nível educacional da mãe, da classe social da mãe, sua idade, se vive em casa própria, o que aconteceu em sua vida, qualquer coisa errada, o ambiente da casa, se há livros ou se assiste muita televisão, coisas assim — diz a pesquisadora.
Além disso, afirma, o tamanho do estudo não tem precedentes na área.
— É uma amostra gigantesca, é muito maior do que qualquer coisa que alguém já tenha feito — acrescentou, em entrevista à AFP.
Emmett enfatiza, entretanto, que ainda são necessários mais trabalhos para descobrir se este impacto no Q.I. das crianças continua à medida que envelhecem. Sobre por que uma dieta rica em 'junk food' teria esta influência sobre a inteligência, a pesquisadora sugere que a falta de vitaminas e minerais vitais para o desenvolvimento do cérebro, adquiridos em pouca quantidade em alimentos processados, em um momento fundamental da infância, pode ser responsável pela diferença.
— Uma dieta de 'junk food' não proporciona um bom desenvolvimento do cérebro — conclui.


Resolvi postar essa matéria porque fiquei pensando em muitas coisas. A primeira delas: já desconfiava com convicção de que uma alimentação mais saudável nos torna mais inteligentes, primeiro porque ficamos mais dispostos, nosso organismo funciona melhor e com isso nos envolvemos mais e melhor com as demandas intelectuais da nossa rotina.

Segundo: quem se envolve com o preparo de alimentos, dedicando um tempo do seu dia para pensar no que vai comer, e envolvendo-se diretamente com isto faz escolhas mais saudáveis. Até porque é prazeroso preparar algo gostoso para quem amamos. Não precisa ser nada sofisticado, um sanduíche bem feito vale mais que um prato de comida processada.

Mas para que isso ocorra é preciso que a gente se envolva com as coisas, se dedique a elas. Pegar o telefone e pedir pizza, ou qualquer outro fast-food é mais fácil do que comprar, preparar e servir alimentos saudáveis. Quando a gente prefere se envolver, a gente está educando nossas crianças. Estamos fazendo escolhas e dando exemplo à elas. Estamos alimentando não só ao corpo mas ao espírito também. Quando preparamos um alimento na companhia da família, trocamos afeto, transmitimos valores, conscientizamos sobre boas maneiras e educação, educamos sobre matemática e preservação do planeta (quantidades, consumo de água). Claro que isso é trabalhoso, exige empenho e tempo, de nós, pais tão atarefados nos dias de hoje. Mas estamos aqui para isso, fazer escolhas.

Será que nesses momentos, quando nos conectamos aos nossos filhos, eles não se sentem mais valorizados e com isso aprendam mais facilmente na escola? Afinal têm atenção e carinho, alguém que lhes prepara um alimento saudável e gostoso, alguém que lhes dá ouvidos, escutando suas dificuldades, suas descobertas, enfim, estando ali, juntos construindo algo (alimento), valorizando a ajuda deles.

Os pesquisadores falam em vitaminas, essenciais para o bom funcionamento do cérebro. Concordo com eles, mas acredito que a inteligência também é construída com afeto e dedicação. Ponto para quem prioriza uma alimentação saudável. Ponto para as famílias que ainda fazem das refeições um momento de encontro e confraternização.

Postado por Simone, mãe da Catarina.

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