quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Bomba de Insulina: Outra Experiência

Com relação a nossa decisão de não continuar com o test drive da bomba de insulina, certamente, o ideal seria tentar por mais alguns dias, no mínimo. Contudo, conhecendo a nossa filha, entendemos por bem aceitar a decisão dela, desde logo, para assim deixar aberta a possibilidade de, quem sabe, em breve, tentarmos novamente. Não queríamos deixar uma experiência ruim, forçando ela a continuar a usar a bomba. Em suas razões, a Catarina nos disse que nunca se queixou das canetas, e por isso preferiu esta opção. Diante desta argumentação dela, que realmente nunca se negou a seguir o tratamento, resolvemos acatar a decisão dela. Talvez, quando ela for um pouco mais velha (hoje ela tem 9 anos), decidirá fazer nova experiência. Sem causar traumas agora, concluímos que este seria o melhor caminho no momento.

Como contraponto e para reflexão, segue e-mail de pai enviado para nós, no qual ele demonstra que para o filho dele a bomba está sendo muito boa:

"Prezada familia Tipo 1. 
 
Venho acompanhando seu blog a algum tempo juntamente com outros que se dedicam à troca de experiência sobre a convivência com filhos DM 1.  Não costumo postar nenhum comentário, apenas acompanho o desenvolver dos assuntos neles tratados (fiz apenas um comentário no blog da Nicole sob o título "comentários de um pai" a alguns meses atras). Não sou médico, nem psicologo, nem especialista ou qualquer outra atividade na área de saúde (minha área é a financeira), sou apenas um pai de um menino com 13 anos completados nesta sexta feira dia 05 de agosto e que foi diagnosticado com DM 1 em julho de 2009, ou seja, a 2 anos atrás.  O que me fez escrever para vocês, foi a postagem em que vocês desistiram de utilizar a bomba de insulina. Tambem não sou representante da Roche.  Meu filho é usuário dessa bomba a 2 meses (1 mês de teste drive e 1 mês com a bomba comprada).  Gostaria de dividir com vocês minha experiência com a adaptação desta nova etapa.  Como sua filha, meu filho também utilizava a Lantus e a Apidra e seu controle era considerado muito bom (glicada sempre em torno de 7%) e estávamos totalmente adaptados a essa terapia.  Como sua filha, meu filho tambem pediu para fazer o teste com a bomba.  No inicio foi tudo muito difícil, pois a ansiedade de todos foi um grande complicador para podermos ajustar as doses e as glicemias não ficavam boas.  Levamos uns 15 dias para começarmos a acertar. Tinhamos muitos medos do tipo; se a bomba desse uma pane e injetasse muita insulina, se parasse de funcionar durante a noite, não estávamos acostumados a dar Apidra para corrigir a ceia, davamos a lantus antes de dormir, ele fazia a ceia e íamos dormir tranquilos.  Agora com a bomba não, tínhamos que corrigir mesmo na ceia e deixa-lo dormir apenas com a basal. Tivemos dificuldades com o acesso (uma vez ele soltou durante uma partida de volei e algumas vezes ele entopia e a glicemia ficava esquisita), mas continuamos tentando.  Para nossa surpresa meu filho não teve problemas em dormir com a bomba (dorme numa boa com ela).  Ele só decidiu que queria continuar a usar a bomba a 3 dias do término do teste drive e hoje ele (e também nós pais) temos a certeza de que fizemos a escolha certa.  Acredito que o controle do diabetes se dará no futuro de 2 maneiras:  através de medicamentos e atraves de tecnologia.  Não podemos abrir mão de nenhuma das duas.  A bomba é o que temos de mais moderno na atualidade e é um estágio anterior ao tão esperado "pancreas artificial".
 
Cada experiencia é única,  mas mesmo assim acho que devemos compartilhá-la.  Hoje tudo está diferente, mas como tudo tem seu lado positivo e seu lado negativo vou enumerá-los sob a minha ótica:
 
Negativo:
 
Estar com a bomba conectada 24 horas por dia (exceto quando toma banho).
 
Custo da bomba e dos insumos.
 
Positivo:
 
Liberdade quase que total - Ele não precisa dosar e aplicar insulina via caneta na escola. No recreio ele apenas coloca na bomba a quantidade de carboidrato que irá comer e pronto, faz isso diretamente na bomba sem usar o Smart.  Muito mais discreto.
 
Hipoglicemia - Redução significativa nos episódios de hipoglicemia.
 
Horários: Muito mais liberdade nos horários para se alimentar, praticamente acabamos com a obrigação de se alimentar a cada 3 horas.
 
Por mais que estávamos acostumados com as canetas, era muito chato (por que não falar triste) aquele processo de atarrachar a agulha, contar a quantidade de unidades e fazer a aplicação.
 
Precisão - Hoje ele toma quantidades fracionádas, tipo 3,4 unidades, 0,8 unidades ajudando em muito ao controle.
 
Menos "tralha" para carregar quando saímos.  Levamos apenas o Smart, pois o resto já está conectado a ele. Nada de insulina e agulhas.
 
Discreto - Tranquilidade em restaurantes ( nada de agulhas e aplicações).
 
Outro dia ele estava no quarto dele com um grupo de amigos jogando video game, quando minha mulher serviu o lanche para todos e de longe mesmo ela comandou a bomba com a quantidade de carboidratos que ele iria ingerir e mandou para a bomba, ele apenas sentiu ela trepidar e mais nada, ou seja, ninguem percebeu nada e ele continuou jogando.
 
Não estou aqui tentando convencer vocês a continuar, apenas estou mostrando minha experiência.  O início de tudo é complicado mesmo (principalmente para quem tem bom controle com as canetas).  Como provavelmente vocês já pagaram os R$ 650,00 para o teste drive, tente um pouco mais.
 
Não sei, mas uma alternativa era vocês pais usarem por 3 dias a bomba em vocês (logicamente desligada e sem insulina), apenas para ver como é ficar com ela 24 horas (dormir inclusive) e poder trocar experiência com a sua filha.
 
Acredito que com o tempo eles acostumam estar conectado com a bomba 24 horas e até esqueçam que ela está ali grudada neles.  É como passar a usar um relógio de pulso grande e pesado, nos primeiros dias você sente ele no braço depois esquece que ele está ali.
 
 
Bom, espero ter ajudado a vocês.
 
 
Boa sorte e que Deus abençoe seu lar."

2 comentários:

  1. Esse pai sempre me emociona..
    Fiquei com vontade de colocar a bomba em mim...

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  2. Lindo depoimento... Conosco aconteceu bem parecido!!! Cheguei até a desanimar por um tempo... Mas, logo os resultados chegaram e as coisas mudaram...
    Inclusive testei e passei uma semana com a cânula (coloquei duas vezes, lógico)... Realmente a colocação não dói... E ela incomoda um pouco nos 3 primeiros dias, depois nem percebemos mais.... Acostumamos...
    Mas cada caso é um caso....
    Beijos!

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