quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Teste de medicamentos em animais: EU DIGO SIM!


Nas décadas de 1910 e 1920, pioneiros cientistas canadenses, entre eles Frederick Bating, descobriram a função da insulina e a forma como produzi-la, ganhando o Nobel de Medicina de 1923. Para chegar a este brilhante feito científico, além de contarem com as pesquisas de outros estudiosos, eles testaram a insulina em cães, para então verificar o resultado. Foi então graças a este prévio experimento com animais, que já em 1922 realizou-se a primeira aplicação de insulina em um paciente diabético. E o sucesso do trabalho fica evidente na foto abaixo, mostrando o antes e o depois das aplicações da insulina no jovem Leonard Thompson: 



É bom lembrar que naquele tempo, o diagnóstico do diabetes era sinônimo de sentença de morte. Mas por conta de ambiciosos e talentosos cientistas - que no início utilizaram cães para provar a sua tese - esta realidade mudou, e hoje a minha filha tem uma vida saudável, mesmo sendo diabética tipo 1 há 4 anos.

Lembrei desta história ao saber da ilegal e covarde invasão ocorrida no dia 18 de outubro no Instituto Royal, em São Roque - SP, onde um bando de marginais decidiu furtar, com violência, cachorros do laboratório. Ora, quantas vidas poderiam ser salvas com as experiências deste instituto? Quanto conhecimento foi perdido? Quantos anos de trabalho jogados na lata do lixo? 

Em um Estado de Direito, regido por leis e instituições, é inaceitável a invasão de qualquer propriedade sem ordem judicial, ainda mais quando este lugar é regular, autorizado a funcionar, com destacado trabalho na área científica. Além disso, formamos uma sociedade humana, onde a natureza é meio para nossa sobrevivência. Ou será que vamos agora ser regidos pelo barulho de uma suposta maioria e só testar medicamentos em seres humanos, para então ver o resultado? Cabe perguntar: quem será cobaia?

Felizmente, para a minha filha, já existe a insulina. Mas para outras pessoas que esperam novos medicamentos, talvez seja tarde demais.

Ricardo Vollbrecht