Esse ano a Catarina
resolveu voltar a estudar inglês. O que nos deixou muito felizes.
Isso porque, quando nos mudamos do interior para Porto Alegre, ela
parou de fazer inglês. É difícil para uma criança a tarefa de
mudar de casa, cidade, escola. Por isso o inglês foi deixado em
segundo plano por um tempo. Mas como tudo tem seu momento, este ano
ela decidiu voltar a estudar essa língua fantástica que é o
inglês.
Passados uns dois meses
de aula, a Catarina chega em casa e nos conta que a professora do
inglês era diabética Tipo 1, como ela.
Pensei na hora: “Puxa,
precisamos conhecer melhor essa professora!”
Em dois anos e meio de
diagnóstico tivemos um ou dois encontros com outros diabéticos tipo
1. Pode parecer estranho para algumas pessoas, mas compartilhar
experiências com iguais é uma parcela bem significativa do
tratamento.
Fui até a escola e
marquei um dia para conversar com a “teacher” Marta.
A Marta foi diagnostica
aos 26 anos, em 2004. Na época, recém-formada em fisioterapia, ela
não sabia nada de diabetes tipo 1. Lembra que na faculdade teve uma
visão bem generalista do diabetes, com ênfase no tipo 2.
Percebeu que perdia
peso e tinha muita sede, mas teve a confirmação numa consulta de
rotina com o ginecologista, que solicitou exames de sangue. Glicemia
de jejum 295. Com esse resultado o médico já a encaminhou para um
endocrinologista. Na confirmação do diagnóstico, com um novo
exame, o endócrino já lhe indicou que ficasse internada no hospital
para aprender como se cuidar dali pra frente. Medir glicemia, aplicar
insulina, dieta nova, enfim todos os cuidados necessários para um
bom controle.
No início foi um
susto, assim como para todos recém-diagnosticados. Marta relata que
no começo precisou de psicoterapia para entender e aceitar o que
estava acontecendo.
Hoje ela faz contagem
de carboidratos, com acompanhamento de nutricionista, o que lhe dá
mais liberdade. Mas no começo a dieta era mais restrita, com doses
certas de comida e quantidade de insulina correspondente. Marta adora
chocolate, e está sempre atrás de novidades. Aliás, ela me deu uma
dica de uma farmácia com um cantinho de produtos dietéticos. Por
isso eu penso em como é bom conhecer e compartilhar com outras
pessoas e famílias que convivem com o diabetes tipo 1. Sempre
aprendemos algo novo.
Conversamos sobre como
é difícil encontrar outro diabético Tipo 1. Lhe disse que a
Catarina, em dois anos e meio de diagnóstico, só conheceu uma
menina na escola dela, mas que foi um único encontro e mais nada. Na
opinião de Marta, as pessoas não se expõem muito, ficam receosas
de comentarem que são diabéticas. Para ela isso não é problema,
ao contrário, como é professora já vai avisando colegas e alunos,
que em caso de uma hipoglicemia, ela vai precisar parar por uns
instantes, comer alguma coisa, e recuperar o fôlego.
Ela recebe seus insumos
pelo governo. Apesar da burocracia, diz que vale a pena.
Marta deixou de lado a
fisioterapia e hoje é professora de inglês. É casada e planeja ter
filhos.
Enfim, foi muito legal
conhecê-la. Esse semestre de inglês foi muito marcante e doce para
toda a família!
Obrigada, Marta!