quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Literatura para a paternidade




Eu já vinha perdendo o interesse pela literatura de pura ficção. Aquelas histórias fantásticas, aqueles personagens míticos com poderes sobrenaturais, aqueles mundos diferentes, há algum tempo não tinham mais sentido. Com a chegada da diabetes, os personagens imaginários ficaram ainda mais sem graça. Para mim, o real passou a ser tão importante que qualquer distração ficcional parecia sem propósito.

Mas a vontade de ler não passou e então comecei a priorizar leituras de histórias reais, possíveis ou próximas, romances que preferencialmente tratassem da condição humana e suas vicissitudes.


Foi assim que cheguei naquilo que tenho denominado "literatura para a paternidade". Livros que falam de histórias de pais e sua construção pessoal como homens. Encontrei aí mais do que boa leitura, mas verdadeiros companheiros de missão.

Falo de livros como o "O filho eterno", de Cristóvão Tezza, de "Jovens de um novo tempo, despertai!", de Kenzaburo Oe, e do recentíssimo "A Queda", de Diogo Mainardi.

Cada um ao seu estilo, são livros que narram a formação de homens em pais e a consequente chegada da maturidade. Ainda que os filhos retratados tenham problemas, são obras que não trazem mero sentimentalismo, mas ideias que refletem sentimentos. São livros que descrevem o desafio da paternidade. E ser pai é enfrentar com coragem e determinação um caminho certo, ainda que inseguro, para o mundo adulto, capaz de transformar jovens em homens e homens em heróis.

Em tempos onde a adolescência tem se prolongado cada vez mais, é muito gratificante encontrar histórias que mostram como é engrandecedor, mesmo que difícil, o caminho para a maturidade.

Para inspiração, transcrevo trecho da poesia de Blake recitada por Kenzaburo Oe, em sua extraordinária obra:
"Jovens de um novo tempo, despertai! Enfrentai os ignorantes de aluguel! Pois há mercenários nos Quarteis, na Corte e na Universidade; se pudessem, suprimiriam para sempre a Guerra da Inteligência e prolongariam a da Carne"

Abraço e boa leitura
Ricardo

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