terça-feira, 8 de novembro de 2011

O filho eterno

"Assim, em um átimo de segundo, em meio à maior vertigem de sua existência, a rigor a única que ele não teve tempo (e durante a vida inteira não terá) de domesticar numa representação literária, apreendeu a intensidade da expressão "para sempre" - a ideia de que algumas coisas são de fato irremediáveis, e o sentimento absoluto, mas óbvio, de que o tempo não tem retorno, algo que ele sempre se recusava a aceitar. Tudo pode ser recomeçado, mas agora não; tudo pode ser refeito, mas isso não; tudo pode voltar ao nada e se refazer, mas agora tudo é de uma solidez granítica e intransponível; o último limite, o da inocência, estava ultrapassado; a infância teimosamente retardada terminava aqui"

Este é um pequeno trecho do corajoso e premiado romance autobiográfico de Cristovão Tezza, "O filho eterno", onde ele conta parte da sua experiência como pai de uma criança especial.

Confesso, sinceramente, que me identifiquei com o personagem, ainda mais com este trecho. Ao receber o diagnóstico do diabetes da Catarina também tive esta sensação concreta, sólida, real, tangível, de que algo agora era "para sempre", e que não podia ser remediado.

Por isso, em tempo de Feira do Livro de Porto Alegre, resolvi dar esta dica de leitura, pois se trata de uma bela história de um homem aprendendo a ser pai.




Boa leitura!
Abraço, Ricardo.

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