terça-feira, 3 de janeiro de 2012

(Re)começo de ano


Essa história de ano novo tem algo bem positivo. Faz a gente refletir algumas questões práticas, ou até filosóficas, da vida. Nessa virada de ano eu só consegui ter um pensamento, ou desejo. Glicemias melhores? Controle mais disciplinado? Maior autonomia da Catarina? Não, nada disso. Eu só pensei em relaxar mais, ser mais calma, menos ansiosa, mais zen. Claro, isso é uma questão difícil para mim. Muitas coisas importantes dependem de mim, e a primeira delas são meus filhos. Se antes do diabetes eu já era acelerada, depois fiquei ainda mais. Não a hiperatividade física, sem paradeiro, da pessoa que não pára quieta na cadeira nem um minuto. Mas a agitação mental, adicionada das cobranças internas. Sim, minha lista é grande.

Depois de algumas mudanças na rotina familiar, como a chegada de um bebê, e o fato de optarmos por ficar com empregada só duas vezes na semana, acabei me ocupando mais com tarefas domésticas. E olha, elas tomam um tempão do nosso dia. Principalmente com dois filhos. Você acorda mergulhado em demandas, e vai dormir à meia noite sempre com muitas coisas por fazer. E ainda, algumas noites, sonha com elas. Como pesadelos de falta de ar, ou estar trancado, sem saída. Para algum lugar tem que escapar essa angústia, que bom que sonhamos.

Bem, não vim hoje falar dos meus conteúdos oníricos. Voltando à passagem de ano, eu queria dizer que nessa história de diabetes é preciso descansar, alternar, trocar, desligar, sair do ar. Por um tempo.
Mas como? Isso só é possível se tivermos ao nosso lado alguém que assuma o leme por um tempo.
Alguém que, enquanto você descansa, cuida do controle, tapa o furo, carrega a carga.

Claro que não me desliguei por completo. Até porque isso é impossível quando você tem um filho, ou qualquer pessoa na família com diabetes tipo 1. Não deixei de medir glicemias, de aplicar insulina, de contar carboidratos. O que eu fiz? Fiquei um bom tempo sem escrever no blog, não fiz anotações de glicemias, cho e unidades de insulina, não li nada a respeito do diabetes, não busquei novidades, não me encuquei. Eu precisava. Ainda bem que consegui.

Quando as coisas pesam a gente tem que parar por um tempo, refletir, pedir ajuda. É preciso dividir responsabilidades, tarefas, preocupações. A gente não dá conta de tudo sozinho sempre.
O mais legal disso é que o Ricardo assumiu com muita criatividade e dedicação. Produziu lindos posts. Além de dar grande força e apoio em casa.

E como 100% da humanidade eu também tenho desejos de ano novo.
Para 2012 : (desejar saúde, paz e sucesso pra mim não faz mais sentido)
que mães, pais e familiares, assim como eu, que cuidam e convivem com um filho com diabetes tipo 1 se permitam descansar alguns dias do ano.
Isso sim é entrar o ano com o pé direito.
Beijos, Simone.


Um comentário:

  1. De mãe a mãe. Simone desde o dia 6/12/11 que vivo essa tremenda angústia. Inicialmente batizei a "referida" de espinho na carne, espinho este que a medicina não arranca... Minha filhinha tem 6 anos, esperta e inteligente...pesava 27kg e em poucos dias ficou com 23. Fui ao endócrino e ouvimos ouvimos palavras e palavras duras, ríspidas, medonhas, dolorosas, mas, assim era, assim é... E agora? Lágrimas, lágrimas... Iniciamos o tratamento, dispensa-se comentários... Atualmente, depois de irmos a 3 especialistas estamos com 15u de insulina lantus pela manhã. Ainda não sei contar carboidratos, tb não conheço o índice glicêmico da maioria dos alimentos da nossa região... na maioria das vezes entro em desespero. Ai de mim se não fosse a fé e a coragem que recebo de Deus. Canto, Oro, suplico, clamo... Espero a cura, pois sei que Deus prova e quer algo mais de seus filhos. Vamos buscar a cura divina das nossas filhas, para o dono da vida isso não representa nada... Precisamos saber "para que" Deus nos permitiu tamanha provação e aguardarmos o tempo que pertence ao Pai. Creia...Já estou mais calma...Vou agora preparar o lanche de Assíria. Grata por me ouvir... Veja Assíria no meu facebook - rosangelafnt@gmail.com

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