Mais
um novembro. Mais um ano se completa. É o aniversário da chegada
oficial do diabetes em nossas vidas. Foi em 11 de novembro de 2009,
após o segundo exame de sangue em jejum, quando foi confirmado que
nossa filha era diabética tipo 1.
Lembro
que, quando recebi o diagnóstico, um dos primeiros sentimentos foi o
de solidão. Não conhecia ninguém diabético do tipo 1, muito menos
algum pai de criança diabética. Parecia que só havíamos nós no
mundo. As pessoas mais próximas também não entendiam quase nada
sobre diabetes, quando não davam algum palpite furado.
Felizmente,
depois de passado o impacto inicial, mergulhamos no mundo virtual,
criando este blog, compartilhando nossas experiências e angústias,
conhecendo enfim pessoas e famílias em situação idêntica à
nossa. O sentimento de solidão foi sendo substituído pelo de
solidariedade.
Nessa
busca, acabei me deparando com a história do Dado Villa-Lobos,
diabético desde a puberdade e guitarrista da Legião Urbana. Na
verdade, fiquei bastante surpreso com a história dele, pois o Dado
participava da minha banda predileta na juventude, e mesmo assim não
sabia nada sobre o diabetes dele. Eu era super fã da Legião Urbana,
mas jamais soube que ele era diabético. E ao perceber que eu sabia
tão pouco de alguém que eu considerava tanto, acabei voltando para
11 de novembro de 2009 e os sentimentos que me arrebataram.
Lembrei
do que eu mais queria naqueles primeiros dias convivendo com o
diabetes tipo 1: queria alguém que, simplesmente, me escutasse. Não
queria consolo. Não queria ouvir histórias de outras pessoas. Não
queria exemplos. Só queria um ouvido amigo para me escutar.
Alguém que dissesse: - Que droga! E depois só ficasse calado pare
eu então falar dos meus sentimentos.
Por
isso, neste tempo onde tantas famílias são surpreendidas com a
notícia do diabetes, vai a dica: ouça, ao invés de falar,
solidarize-se, ao invés de tentar ensinar; apoie, ao invés de
sentir pena.
Poucos
souberam fazer isso comigo naquele tempo. Alguns quiseram ensinar
algo. E outros tantos até hoje não falaram comigo sobe o assunto.
Hoje, não importa mais. Compreendo a todos. E sei que as
dificuldades pelas quais passamos, só nos deixaram mais fortes,
seguindo em frente mais unidos.
Um
novembro azul com muita força e fé para todos!
E vamos celebrar...
Ricardo